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E SE O OUTRO NÃO ESTIVESSE AÍ??
PUBLICADO POR CONTEUDOESCOLA - AUTOR EQUIPE CONTEUDOESCOLA EM 22/07/2004 ÀS 09H59
SKLIAR, CARLOS – RIO DE JANEIRO: DP&A EDITORA – 2003.
CARLOS SKLIAR, DOCENTE DA FACULDADE DE EDUCAÇÃO DA UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO SUL E PESQUISADOR DE "NECESSIDADES EDUCACIONAIS ESPECIAIS" – SURDEZ – E FUNDADOR DO NUPES - NÚCLEO DE PESQUISAS E ESTUDOS SURDOS, DISCORRE SOBRE A POLARIDADE NORMALIDADE/DIFERENÇA, UTILIZANDO CONCEITOS PARALELOS E DE ALCANCE ANTROPOLOGICAMENTE MAIS AMPLOS: MESMIDADE/ALTERIDADE.
SUA ESTRUTURAÇÃO SE DÁ A PARTIR CONCEPÇÃO DA ANTROPOLOGIA COMO UMA DISCIPLINA FOCADA NO ESTUDO DA DIFERENÇA.
SERVE-SE DE FOUCAULT PARA HISTORIAR A SURGIMENTO DO CONCEITO DE NORMALIDADE E SUA CONTAMINAÇÃO PELAS IDÉIAS DE EUGENESIA – ALÉM DE DAVIS (ENTRE OUTROS AUTORES) PARA INTRODUZIR A NOÇÃO DE DESABILITY STUDIES NO LUGAR DE ESTUDOS SOBRE A DIVERSIDADE.
FALA AINDA DE DIMENSÕES DA ALTERIDADE – TEMPO E ESPAÇO, TEMPORALIDADE E ESPACIALIDADE – COMO ELEMENTOS ESSENCIAIS PARA A COMPREENSÃO DE SEUS ARGUMENTOS.
ALUDE A UMA PEDAGOGIA DA DIFERENÇA, CHAMANDO A ATENÇÃO PARA A NECESSIDADE DE REVISÃO DA BASE CONCEITUAL DAS ABORDAGENS CORRENTES DOS ESTUDOS E INTERVENÇÕES SOBRE A DEFICIÊNCIA, CONTAMINADOS POR MODELOS ESTRATIFICADOS E QUE REPRODUZEM, MECANICAMENTE, O DISCURSO DA MESMIDADE E NÃO O DISCURSO DA ALTERIDADE.
OS TEXTOS SÃO A REPRODUÇÃO DE UM CURSO MINISTRADO POR ELE EM BUENOS AIRES, ARGENTINA, EM JULHO DE 2001.
O AUTOR UTILIZA UMA LINGUAGEM POUCO FORMAL (E QUASE IRREVERENTE) NO SENTIDO DA CONSTRUÇÃO DO TEXTO E MUITO PRÓXIMA DA LINGUAGEM VERBAL QUE CARACTERIZA UMA TRANSCRIÇÃO DE AULAS.
A APRECIAÇÃO DO TEXTO "APRESENTAÇÃO" NOS DÁ UMA IDÉIA DA PROFUNDIDADE E (APESAR DAS APARÊNCIAS) CLARIVIDÊNCIA CONSTANTES NO PENSAMENTO DE SKLIAR:
ENTRE O E SE O OUTRO NÃO ESTIVESSE AÍ? E A ATENÇÃO À DIVERSIDADE – NOTAS PARA UM ESCLARECIMENTO TÃO CONFUSO QUANTO ESTRANHÁVEL.
A INTENÇÃO DO LIVRO, DIZ O AUTOR, ESTÁ ATRAVESSADA POR UM EIXO QUE NÃO DEIXA DE SER CAÓTICO, OBSCURO E AINDA RETRAÍDO: A QUESTÃO DO OUTRO.
ESTA QUESTÃO, JÁ HÁ ALGUM TEMPO, VEM SENDO BANALIZADA, MORALIZADA E MAIS INTENSAMENTE AINDA QUANDO PENSAMOS NA QUESTÃO DO OUTRO ESPECIFICAMENTE NA EDUCAÇÃO.
CITA JACQUES DERRIDA: "ATUALMENTE, AS PALAVRAS OUTRO, RESPEITO AO OUTRO, ABERTURA AO OUTRO, ETC., COMEÇAM A SE TORNAR UM POUCO ENFADONHAS; HÁ ALGO QUE SE TORNA MECÂNICO NESTE USO MORALIZANTE DA PALAVRA OUTRO".
A QUESTÃO DO OUTRO DISCUTIDA NO TEXTO É INTERMEADA COM AS DISCUSSÕES SOBRE AS TEMPORALIDADES E ESPACIALIDADES DO OUTRO, COM AS REPRESENTAÇÕES E IMAGENS HABITUAIS DO MUNDO DA ALTERIDADE, E TUDO ISSO COM O PROPÓSITO DE DISCORRER SOBRE AS CHAMADAS POLÍTICA, POÉTICA E FILOSOFIA DA DIFERENÇA.
- UMA FILOSOFIA DA DIFERENÇA QUE NÃO É UMA METAFÍSICA DA DIVERSIDADE, UMA EXISTÊNCIA DESCRITIVA, JÁ DADA, ORDENADA, SOBRE O OUTRO;
- UMA POLÍTICA DA DIFERENÇA QUE NÃO PODE TRADUZIR-SE APENAS EM ATENÇÃO À DIVERSIDADE;
- UMA POÉTICA DA DIFERENÇA QUE NÃO SUPÕE NOSTALGIA, UTOPIA, ELEGIA OU LISONJA SOBRE O REGRESSO DO OUTRO, DE SUA VOLTA, SENÃO QUE GIRA EM TORNO DE SEU MISTÉRIO E AFASTAMENTO.
ENFIM, UMA POLÍTICA, UMA FILOSOFIA E UMA POÉTICA DA DIFERENÇA – E NÃO UMA ATENÇÃO À DIVERSIDADE.
NA APRECIAÇÃO DO TEMA ATENÇÃO À DIVERSIDADE, SURGIRAM PARA O AUTOR AS SEGUINTES INDAGAÇÕES:
- É POSSÍVEL FALAR DA ATENÇÃO À DIVERSIDADE COMO UMA MUDANÇA EVIDENTE NA EDUCAÇÃO? OU
- A ATENÇÃO À DIVERSIDADE ESTÁ DISPONÍVEL COMO UM SENTIDO ÚNICO NOS PROFESSORES E PROFESSORAS, NA PRÓPRIA DIVERSIDADE, NOS PROGRAMAS E PROJETOS DE FORMAÇÃO DOCENTE?
- ACASO EXISTE ALGO NA ATENÇÃO À DIVERSIDADE QUE POSSAMOS DENOMINAR MUDANÇA?
- QUEM É (OU DEVE SER) ESSE MOVIMENTO DE MUDANÇA? E
- DE QUAL DIVERSIDADE E DE QUAL ATENÇÃO ESTAMOS FALANDO?
ESSAS PERGUNTAS PODEM SER RESPONDIDAS NOS TERMOS DO PENSAMENTO VIGENTE, LANÇANDO-SE MÃO DE NOÇÕES DE SUPERFÍCIE DIFUSAS COMO MUDANÇAS DE LEIS, MUDANÇAS NOS PROGRAMAS DE FORMAÇÃO DO PROFESSORADO, MUDANÇAS NO CURRÍCULO ESCOLAR, MUDANÇAS NAS DIDÁTICAS E NAS DINÂMICAS DE CLASSE, ETC..
O PRESENTE TEXTO, TODAVIA, SEM QUERER SUBESTIMAR AS IDÉIAS DE MUDANÇA E DE ATENÇÃO À DIVERSIDADE, PERGUNTA E VIBRA COM OUTRAS QUESTÕES: UM TEXTO QUE NÃO PRETENDER DAR RESPOSTAS A NINGUÉM, MAS SIMPLESMENTE FAZER UM CONVITE PARA QUE SE VOLTE A OLHAR BEM. UM OLHAR BEM QUE DESLOQUE A MESMIDADE DO FOCO DE ATENÇÃO PARA QUE SE DESTAQUE A PRESENÇA DO OUTRO (DA ALTERIDADE, DA OUTRIDADE).
IMPORTANTE, AINDA, É A TENTATIVA DE CONSOLIDAÇÃO DE ALGUNS MODELOS EXPLICATIVOS PARA AS INSTÂNCIAS ESPAÇO ( ESPACIALIDADE COLONIAL, ESPACIALIDADE MULTICULTURAL, ESPACIALIDADE DA DIFERENÇA) E TEMPO - NESTE CASO, UTILIZANDO REFERENCIAIS DE NIKLAS LUHMAN (TEMPORALIDADE SIMULTÂNEA – TEMPO LINEAR E TEMPO CIRCULAR), HOMI BHABHA (TEMPORALIDADE DISJUNTIVA) E GILLES DELEUZE (OS PARADOXOS DO TEMPO).
BRILHANTE, TAMBÉM, A DISCUSSÃO SOBRE A DIALÉTICA INCLUSÃO/EXCLUSÃO SOCIAIS ONDE, PARTINDO DAS FORMAS DE EXCLUSÃO PRECONIZADAS POR ROBERT CASTEL (EXCLUSÃO POR ANIQUILAMENTO, EXCLUSÃO POR SEPARAÇÃO INSTITUCIONAL, EXCLUSÃO ATRAVÉS DA "INCLUSÃO") E SERGE PAUGAM (DESQUALIFICAÇÃO/DESAFILIAÇÃO SOCIAL, "RÉLEGATION") CONCLUI COM A MÁXIMA DE MICHEL FOUCAULT: "INCLUSÃO NÃO É O CONTRÁRIO DA EXCLUSÃO, E SIM UM MECANISMO DE PODER DISCIPLINAR QUE A SUBSTITUI, QUE OCUPA SUA ESPACIALIDADE, SENDO AMBAS – EXCLUSÃO E INCLUSÃO – MECANISMOS DE CONTROLE" (NUMA RELAÇÃO DE PODER).
VEJA A SEGUIR, OS TÍTULOS DO SUMÁRIO DO LIVRO:
PREFÁCIO (NURIA PÉREZ DE LARA): PENSAR MUITO ALÉM DO QUE É DADO, PENSAR A MESMIDADE A PARTIR DO OUTRO QUE ESTÁ EM MIM.
APRESENTAÇÃO: ENTRE O E SE O OUTRO NÃO ESTIVESSE AÍ E A ATENÇÃO À DIVERSIDADE – NOTAS PARA UM ESCLARECIMENTO TÃO CONFUSO QUANTO ENTRANHÁVEL.
CAPÍTULO I: SOBRE A TEMPORALIDADE DO OUTRO E DA MESMIDADE – NOTAS PARA UM TEMPO (EXCESSIVAMENTE) PRESENTE.
CAPÍTULO II: SOBRE A REPRESENTAÇÃO DO OUTRO E DA MESMIDADE – NOTAS PARA VOLTAR A OLHAR BEM O QUE JÁ FOI (APENAS) OLHADO.
CAPÍTULO III: SOBRE A ESPACIALIDADE DO OUTRO E DA MESMIDADE – NOTAS PARA UMA DESLOCALIZAÇÃO (PERMANENTE) DA ALTERIDADE.
CAPÍTULO IV: SOBRE A A ANORMALIDADE E O ANORMAL – NOTAS PARA UM JULGAMENTO (VORAZ) DA NORMALIDADE.
(FINAL): E FINALMENTE: AI! POR QUE TEMOS DE NOS REFORMAR TANTO? – NOTAS PARA UMA PEDAGOGIA (IMPROVÁVEL) DA DIFERENÇA.
EPÍLOGO (JORGE LARROSA): A ARTE DA CONVERSA.
VEJA OUTROS LIVROS DE CARLOS SKLIAR:
A SURDEZ- MEDIAÇÃO EDITORA:PORTO ALEGRE (RS) - 1998
EDUCAÇÃO E EXCLUSÃO - MEDIAÇÃO EDITORA: PORTO ALEGRE (RS) - 1999
ATUALIDADE DA EDUCAÇÃO BILÍNGUE PARA SURDOS - VOL. I E VOL. II - MEDIAÇÃO EDITORA:PORTO ALEGRE (RS) - 1999
HABITANTES DE BABEL (EM COLABORABORAÇÃO COM JORGE LARROSA) - ED. AUTÊNTICA: BELO HORIZONTE (MG) 2001.